28 de agosto de 2012

A greve nossa de cada dia


                Infelizmente as greves tem sido uma realidade cada vez mais frequente no cenário do serviço público brasileiro, sobretudo na Educação e mais particularmente nas Instituições Federais de Ensino Superior, incluindo nossa querida UFSCar.
              Muito se discute sobre os motivos das greves, se este é um instrumento válido ou não como forma de pressão e etc, mas este não é o objetivo deste post. Apesar das greves serem fruto de um processo que está sempre sofrendo a influencia de novos acontecimentos, o que iremos abordar aqui trata mais daquilo que é comum e que parece se repetir a cada nova greve. Bom, assim que vocês lerem o texto a seguir talvez fique mais claro o que queremos dizer.
               Este texto foi encontrado nos arquivos antigos do CA e refere-se a um manifesto escrito por um ex-aluno do curso de Psicologia da UFSCar sobre o momento de greve que os alunos e professores estavam vivendo em 1998. Só para contextualizar um pouco, segundo o site da Folha de São Paulo, em 1998 houve uma greve nacional realizada em conjunto pelos docentes e servidores das Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) e que perdurou por 103 dias, começando no dia 1º de abril daquele ano e estendendo-se até o dia 30 de junho. Apesar do texto ter sido escrito há 14 anos, ele ainda continua muito atual.

“Colega aluno ou professor,
A partir da leitura deste manifesto, realizada na reunião dos docentes do Departamento de Psicologia que ocorreu na segunda-feira, 22 de abril, às 14h, foi marcada outra reunião para quinta-feira, 25 de abril, às 9h no Anfiteatro da Babilônia I. O Conteúdo deste manifesto serve para orientar uma melhor interação professor-aluno neste momento de Greve.
             
Meu manifesto aos professores do curso de Psicologia da UFSCar.

       Refletindo nesse momento de greve sobre a interação professor-aluno, sinto-me insatisfeito em dois pontos: com a vossa participação nas Assembleias; na troca de informação políticas conosco, alunos.
         O primeiro ponto concluo juntando fatos para mim surpreendentes: a participação dos professores nos debates tem sido muito pequena. Tanto em número como em discussão.
           Quem sou eu para levantar o que acabo de descrever, mas a leitura que faço dessas observações é a seguinte: muitos que ali nas Assembleias não estavam, não o fizeram por outros motivos que não tenho e nem devo ter acesso. Entretanto, é aí que eu questiono: “O professor está resolvendo seus problemas particulares e demais afazeres profissionais, mas seriam as discussões das Assembleias algo que nada tem a ver com a sua vida?”.
       Em se tratando da discussão nos debates, comparado ao tópico acima, é menor ainda. E eu me pergunto: “Estariam os professores analisando psicologicamente a situação?”. Pois, os poucos que da voz ativa utilizaram foi por uma questão de ordem.
      Reconheço que essa expectativa eu não deveria criar, porém esperava um pouco mais de vossa participação. Aliás, relembro aqui que a orientação passada aos alunos deste curso é a de ter olhos críticos para poder questionar o que o mundo acadêmico oferece, sendo esse um recorte da realidade.
        E por falar em orientação, vou um pouco mais fundo. Parafraseando um momento há pouco vivido por nós aqui na Universidade, “que valores buscamos?”.
         Alguns de vocês são pais e aí que eu quero chegar. “Estariam vocês discutindo a situação em casa?”. Ou seria como muitas vezes ocorre nas famílias e eu vivo isso. Os pais para não demonstrarem a situação de insegurança e reflexão, nada ou muito pouco do que leem e assistem nos telejornais discutem com os filhos. No meu caso, na atual situação, sou orientado a não me envolver em passeatas, perder tempo com Assembleias, etc... “Vá estudar que você ganha mais!”.  A situação dos meus colegas não é muito diferente. Em alguns casos o pai diz: “Se forem cobrar mensalidades, eu pago”. Ou seja, a visão mercantilista é instigada em troca de um mínimo de ideias e valores políticos. Talvez a ideia de alguns pais, que em idade igual a de alguns professores, tenha suas razões. Pois alguns, senão viveram, acompanharam um período mais opressor na história política deste país. No entanto a minha geração convive com uma censura que permite, “teoricamente”, a liberdade de expressão.
         O segundo questionamento é sobre a nossa interação. Diz respeito a falta de discussão política dentro das salas de aula.
          Tenho certeza que se essa conversa, que nesse momento ocorre, fosse vivida em 5 ou 10 minutos das aulas ou, em uma aula do mês, a maneira de tratar a atual situação seria diferente. Sim, porque, mais uma vez vou aos fatos: sem falar dos boatos e Assembleias anteriores, até terça-feira, 16 de abril, dia no qual eu como aluno recebi três recados por parte dos colegas do DCE que interviram às aulas, não vi sequer um professor parar a aula para falar sobre o assunto. A não ser expressões como: “É, o negócio está feio”, ou “Vocês precisam se informar, é muito importante a participação de vocês”. Exceto em uma aula, o professor discutiu e aí sim falamos do que cada um está informado, o que significa se organizar num momento como esse e estar atento às votações em Assembleia. Contudo, mesmo sendo de grande utilidade as ideias que trocamos nesta aula, o entrosamento veio um pouco tarde.
           Mais uma expectativa por mim criada e não sei se posso exigir algo. Mas é frustrante saber que dos seis professores com quem me encontro com certeza toda semana (para não falar nos outros sem compromisso) nenhum interrompeu a sua santificada disciplina para discutirmos. E pior, cheguei a ouvir um professor dizer “E agora essa encheção de saco!”.
          Posso não estar certo em minha queixa. Vocês podem estar pensando, assim como já se falou em vossa Assembleia: “os alunos tem o seu diretório para se organizar”. Porém, trata-se até de economia saber que, com a orientação política em sala de aula, uma pessoa abre discussão para 40 falarem. Mesmo porque tenho colegas que, se não é o professor para solicitar uma discussão, eles fazem de conta que, assim como vocês, não se trata de algo tão importante como conduzir o curso.
           Conversando com os mesmos colegas a esse respeito, ouço sempre o consolo de que cada pessoa tem o seu ritmo, não adianta querer discutir se não há interesse. Mais uma vez me pergunto, e faço o mesmo a vocês: “Há 15 meses sem receber um reajuste salarial, com os recursos para se trabalhar deficitários, com a ameaça de em breve serem cobradas mensalidades para estudar, podendo a curto prazo ter nas escolas professores não graduados dando aulas; será que não é mais do que suficiente para perceber que uma das tragédias que todos os dias é vista à distância nos jornais, já nos envolve?”.
            Para terminar, gostaria de lembrar que enquanto os professores sentam, discutem, divergem, votam; enquanto não tem uma posição e uma ação definida, uma passeata e um jantar já foram realizados. E, diga-se de passagem, não vi um professor participar de qualquer um dos dois atos.
           Uma coisa é certa, alguns alunos já discutiram e estão agindo. Se é a melhor opção, não sei. O que sei é que algumas atitudes já estão sendo tomadas. E, parte do Departamento de Psicologia, se uma interação professor-aluno estivesse vem resolvida, tanto vocês, como outros colegas meus estariam tendo uma maior participação nesta greve.
Atenciosamente,

Erik Luca de Mello”

16 de agosto de 2012

Livros para Download


Salve galera!

O CA Psico disponibiliza para vocês em primeira mão diversos links para download de obras fundamentais para o estudo da Psicologia. Esta é só uma prévia, assim que formos achando novos links de outras obras disponibilizamos aqui para vocês! Boas leituras!



Obras Completas de Sigmund Freud

           São 23 volumes digitalizados remetentes a sua obra traduzida da versão inglesa por Ernest Jones, seu biógrafo oficial.
Os primeiros volumes foram publicados no início da década de 70 e desde então a edição vem sendo continuamente revisada, sem que, no entanto, tenha se produzido qualquer alteração significativa na tradução original.
Tais livros são um marco na história da psicologia e leitura indispensável para os interessados em uma formação psicanalítica.




Introdução à Psicologia

Livro “Psicologias uma Introdução ao Estudo de Psicologia” - Odair Furtado; Maria de Lourdes T.; Ana Merces Bahia Bock.

Numa linguagem coloquial, clara e direta, a obra aborda as várias áreas de conhecimento da Psicologia, desde a sua história e caracterização até os temas da atualidade, com o rigor técnico necessário e sempre sob a ótica da Psicologia. 

Link 1:





Skinner e Behaviorismo

Nenhum pensador ou cientista do século 20 levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como o norte-americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, até os anos 1950. 

  • WALDEN II - Uma Sociedade do Futuro (1948)
O livro sugere que empreguemos o nosso conhecimento sobre o comportamento humano para criar um ambiente social onde levaremos vidas produtivas e criativas, sem com isso comprometer as possibilidades daqueles que nos seguirão, para que eles possam fazer o mesmo.

  • Ciência e comportamento humano (1953):
”Muitas pessoas interessadas no comportamento humano não sentem a necessidade de padrões e critérios de prova, característicos de uma ciência exata; as uniformidades no comportamento são óbvias mesmo sem eles. Ao mesmo tempo, relutam em aceitar as conclusões que tais provas inevitavelmente apontam, se não sentirem por si próprios a uniformidade. Mas estas idiossincrasias são um luxo dispendioso. Não é preciso defender os métodos da ciência na sua aplicação ao comportamento. As técnicas matemáticas e experimentais usadas para descobrir e expressar uniformidades são propriedade comum da ciência em geral. Quase todas as disciplinas têm contribuído para essa fonte de recursos, e todas as disciplinas se servem dela. As vantagens disso estão bastante demonstradas.”

  • Comportamento Verbal (1957):
Skinner apresenta uma proposta de estudo para os fenômenos tradicionalmente chamados de linguagem. Além de nova, esta proposta era revolucionária quando comparada ao tratamento dado até então para estes fenômenos, o que pode justificar discussões teóricas sobre o conceito de comportamento verbal que perduram até os dias de hoje.

  • Sobre o Behaviorismo (1974):
Livro de Skinner que apresenta, em linguagem concisa e acessível, sua visão do behaviorismo, expondo-lhe os conceitos básicos, discutindo-lhe as implicações mais gerais no campo do conhecimento e refutando as interpretações distorcidas dele, veiculadas por seus opositores.

  • Outras obras:
A psicologia pode ser uma ciência da mente?